“A vida me ensinou a
dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração”. (Charles Chaplin)
Ninguém escapa de pelo
menos uma vez, passar por um momento de separação. Pode ser numa história de
amor, ou mesmo numa situação familiar. Embora, muitos valorizem as lágrimas dessa "mudança de
endereço", outros julgam não ser necessário vida afora os espinhos deste
pesar.
E quando enfim, descansamos
os meus olhos das lágrimas que sufocam a nossa voz, vemos a necessidade de
recriar nossos sonhos em imagens poéticas. É como se a poesia por um momento
“tomasse” vida, apenas para ser vivida.
É um enigma que não
podemos considerar, ante a imensidão dessa dor que nos inquieta, e que rompe
uma realidade quase ilusória – o amor.
Verdade é que a nossa
responsabilidade não é ponderar, e sim, viver esse amor. Mas o melhor mesmo é
recitar depressa, mesmo com a voz abafada, Vinícius de Moraes, e não pensar
nele (o amor):
“E possa me dizer do
amor (que tive):
Que não seja imortal,
posto que é chama,
Mas que seja infinito
enquanto dure.”
Não há caminhos que não
mudam com o tempo. E que continuamente nos levam a diferentes modos de
esperança; diferente de tudo, com a certeza de que ficam apenas lembranças, na
ditadura da saudade que impera, mas sem mágoas, apenas um doce sonho que se
converte em choro. Um sonho tão doce que mais parece um canto.
Temos medo. E o trânsito
entre a razão e o cupido nos afasta do frescor de um riso brando. E nos leva ao
suspiro venenoso de um único momento que mata sonhos. Mas quanto a mim, quando
ecoa dentro do meu peito o gemido nostálgico de um menino arteiro, vem
novamente a incerteza que encobre a minh’ alma, como um arbusto rasteiro e
enxerido.
E que fim teria um
sonho, se conhecêssemos o seu dano? E como vencer a resistência de um amor que
ao coração parece enganar? Ou quem sabe, como Tomás Antônio Gonzaga, possamos
refletir sobre uma invasão sem precedente, na qual, um coração, maior que o
mundo, vai permanecer vazio.
“Eu tenho um coração
maior que o mundo!
Tu, formosa Marília,
bem o sabes:
Um coração..., e basta,
Onde tu mesma cabes.”
Mas novamente eu digo
que conheço a minha ilusão. Uma ilusão descabida para tanto sofrimento, e
alheia ao meu peito inerte. Eu conheço esse amor sem medidas, envolto nesta dor
que até verte lágrimas. Mas que quando essa dor se arrasta, é aliviado com um
beijo, um beijo único. Eu conheço esse vazio de um sonho que nasce e expira,
entre o natural e o maravilhoso, e, que transforma um momento em uma lágrima
harmoniosa.
E não esperamos
soluços. Nem mesmo lágrimas que descrevam um medo que murmure perdas. Não queremos
rumores de versos que denotem partida. Não queremos reações que lembrem, com
suas canções tristes, um amor que não teve fim. Não queremos poesias que
mostrem em cada estrofe, o temor de uma alma, meio morta, meio viva, mas
sequiosa de um amor guerreiro.
E assim, ninguém assistirá
ao formidável momento de um último riso. Quando no íntimo, o coração esconde
seus doloridos fragmentos. Como um poema não lido, como um pássaro sem voo,
como um sonho frustrado, como um espaço vazio, como um adeus que ecoa sem palavras.
Somos então levados a
pensar na dificuldade de dizer um adeus nada corriqueiro. Mas na
individualidade não sou calculista. A vida é fugaz, e às vezes, sem inspiração.
Aliás, é muito difícil entender como um reencontro pode trazer um fim. E
desculpe-me; posso estar atrasado em me libertar desse medo. Não tenho nenhum
pensamento claro, pois a falta de um desejo futurista me emudece, por isso não
posso sequer dizer adeus. Talvez possa fazê-lo por escrito, talvez aprenda a
arte de moldar um poema para fazê-lo, mas sem repetição, sem um eco lírico,
naturalmente. Mas no fundo, não quero dizer nada, apenas viver o que a minha
meninice me oferece: um momento de volta ao passado, quando sem a família ia
tomar banho no rio e esperava, ou um momento de silêncio. Ou um momento para
que o silêncio fale por mim. Em cada ano vindouro. Falando e falando, sem mesmo
dizer “estou aqui”.
Quando chegamos a uma
conclusão de renovação, vemos diante de nós, sonhos que se confundem. Vemos
imagens que caracterizam o sonho de um poeta, inicialmente composto por
palavras que mostram o exagero do que talvez só eu senti. E precisei de tudo o
que senti, até despir a minh’ alma a cada noite, observando a lua. Ou as rosas
que florescem sem pudor. Mas valeu a pena.
Mas, dentre todas as
superações, vemos que hoje são lágrimas, e, amanhã sorrisos sem cor. O que hoje
está próximo, amanhã estará distante, e, de repente se faz um adeus. Depois de
tudo, permanece o encanto e a canção. Mas como no cinema mudo, não se fala de
amor. Ou como diz uma canção: “te amo, mas adeus”. Sabemos, entretanto, que eu estarei
mudo, como se não houvesse amanhã. Sem a liberdade de um sussurro, apenas o
silêncio. Um silêncio deixado para trás.
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